domingo, 19 de dezembro de 2010

Revelação como solução do problema do ceticismo para uma sociedade pós-moderna: Ensaio introdutório.


Resumo:

O artigo visa tratar sobre as definições de verdade e conhecimento na pós-modernidade e a Revelação de Deus. Após uma analise geral dos teóricos da pós-modernidade, conclui que a desconfiança sobre a verdade nos tempos contemporâneos leva a um profundo ceticismo e um total abandono da possibilidade de conhecer verdadeiramente. Para o autor, a solução do problema do ceticismo está na Revelação de Deus ao homem.

Palavras Chave:

Ceticismo, Revelação, Epistemologia, Pós-modernidade.

Introdução:

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Desde o Éden[1], o homem busca fundamentação para o seu conhecimento. Nos tempos helenísticos as questões epistemológicas estiveram em grande debate, filósofos como Platão e Aristóteles escreveram uma série de obras sobre possibilidade do conhecimento. Já nos tempos mais modernos essa discussão toma uma guinada ainda mais específica com filósofos como Descartes, Hume, Locke, Reid, Kant e muitos outros debateram em seus escritos sobre a acessibilidade da verdade e do conhecimento. No pós-modernismo todas essas questões são levantadas para serem colocadas em um caixão e enterradas no cemitério do esquecimento. Para os pós-modernos, discussões como verdade ou acessibilidade do conhecimento são totalmente carentes de significado, pois não há absolutos e muito menos possibilidade de um conhecimento único e verdadeiro. Isso invadiu a teologia, os teólogos críticos distanciaram a teologia da verdade, assim como o Jesus divino do Jesus histórico. Apologétas como Cornelius Van Til e Gordon Clark trazem a solução epistêmica por meio da Revelação de Deus, e essa como acessível ao homem. Esse artigo não tenciona ser exaustivo, mas introdutório com os conceitos a serem trabalhados, entendendo sua complexidade e a dificuldade de sumarizar de maneira correta todos os pormenores. Para tanto se valerá de conceitos mais gerais de cada autor sem uma discussão mais aprofundada, deixando isso para um projeto posterior de monografia.

As Raízes da Epistemologia Moderna.

Alguns autores são referência para qualquer trabalho no campo epistemológico, trabalharemos alguns deles e alguns de seus conceitos primordiais.

Platão

A discussão sobre conhecimento remonta autores anteriores a Platão, tais como Parmênides e Heráclito, no entanto, entendemos que na síntese platônica um novo modo de ver o conhecimento se estabelece, e assim, é de extrema importância tratar sobre seus conceitos. Nos tempos de Platão a discussão sobre o ceticismo e o conhecimento eram bem populares, os sofistas andavam livremente a ensinas suas teorias do relativismo, e Platão não se esgueirou dessas questões. No livro Teeteto, Platão nos dá uma definição de conhecimento que perdurou até tempos bem próximos. Segundo Sócrates, conhecimento é Crença verdadeira justificada, portanto, todo conhecimento se dá por meio de uma crença ou opinião, que deve ser verdadeira e não falsa, e que há um boa explicação racional para se aceitá-la, desta maneira, teríamos que o conhecimento exige explicação, exige justificativa. No entanto, desde a publicação do artigo Is Justified True Belief Knowledge?[2] de Edmund L. Gettier, a definição platônica tem sido derrubada. Gettier elenca dois contra-exemplos sobre o conceito de Platão, e a partir do seu artigo vários autores têm lutado para tentar redefinir e encontrar um ponto de apoio para o conhecimento. Mudando um pouco do foco para como obtemos conhecimento, Platão anuncia que nós todos já nascemos com todas as ideias em nossa mente, o que acontece é que nossa alma antes de encarnar toma um gole do rio do esquecimento, e precisa das experiências para relembrá-las, daí a chamada teoria da reminiscência. O problema de toda essa teoria é que as experiências agem de maneira irregular, e se dependêssemos dela para garantir nossa memória das ideias teríamos sérios problemas em garantir que haveria uniformidade nessas ideias. E isso prova ser fato quando vemos que as muitas experiências, por mais que sejam semelhantes, não garantem conhecimento unívoco, mas muitas vezes demonstram o quanto há de subjetividade nas ideias dos homens, e o quanto é difícil estabelecer universais.

Aristóteles

Se a teoria da reminiscência de Platão apresentava problemas por conta do seu subjetivismo nas experiências, em Aristóteles, isso será ainda mais acentuado. O empirismo aristotélico é basilar para a construção do conhecimento. Segundo Aristóteles, nós não temos ideias pré-formadas nas nossas mentes, porém, nascemos com o aparelho mental pronto para aprender, e assim, todo o conhecimento é apreendido depois do nascimento. O problema dessa teoria é semelhante ao de Platão, porém, ainda mais acentuado, pois como haveremos de aprender alguma coisa se nada sabemos? O problema já era apresentado por Platão, como haveremos de buscar uma coisa que não conhecemos, e como saberemos que a encontramos se não sabemos o que ela é. Desta forma, lançar sobre as sensações toda a garantia para o conhecimento não é satisfatório, e leva ao ceticismo[3].

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Dando um salto histórico bem grande, chegamos em Descartes, que foi muito influenciado por Platão, e que aceitou em certa proporção suas teorias epistemológicas. Descartes em suas meditações traz questões essências para o estudo do ceticismo, ele elabora uma série de argumentos contra as certezas epistêmicas, e boa parte dos eruditos têm dito que ele não responde de maneira satisfatória a esses argumentos. Para fins explanatórios, devemos entender que em Descartes o problema do ceticismo se resolve com o eu ou ego, a partir do momento que eu não posso duvidar da existência da minha própria consciência ou do meu eu, pois ao fazer isso já estaria usando o meu próprio eu, toda a série de ideias se infere como uma ação em cadeia. Para Descartes ainda, é o próprio Deus quem garante que o nosso conhecimento não será levado ao engano por algum espírito mal. O problema se estabelece na sustentação epistêmica ser o próprio eu, embora a argumentação ter seu valor, não há como jogarmos toda a nossa confiança no conhecimento as nossas faculdades mentais. Isso faz referência a uma tradição que se inicia com Tomás de Aquino, e acredita que a mente humana esteve resguardada dos efeitos do pecado. Porém, a mente humana é enganosa em si, por vezes nossos pensamentos nos levam a crer em determinadas coisas que não condizem com a realidade, na verdade, se o Cogito Ergo Sum e o cogitationis divinae dão certeza do nosso conhecimento verdadeiro, o que acontece quando erramos? Seria um erro no cogito ou em Deus? Isso nos leva a crer, que apesar de uma boa argumentação, Descartes, não consegue explicar o erro dos nossos pensamentos, mediante tamanha certeza atribuída as nossas faculdades mentais.

Muito teríamos o que tratar sobre Hume, mas por questão de propósito nos deteremos a crítica dele a noção de causa e efeito e suas conclusões sobre o empirismo que o levaram a um ceticismo. Hume argumenta que aquilo que se tem dito sobre a noção de causa e efeito não tem justificativa, pois para ele, não há como um determinado evento ser ligado a uma causa, logicamente não faz sentido. Em outras palavras, para Hume aquilo que chamamos de causa e efeito não passa de um habito da nossa mente, ou da nossa ideia, mas não condiz com a realidade da indução, portanto, a conclusão que chega é que a indução tem problemas sérios na sua estrutura. Mas sabe-se que a indução é o método lógico que o empirismo trabalha, não há como haver empirismo sem indução, o que então Hume estava defendendo é que estamos fadados ao acaso e ao ceticismo. Agora será um bom momento para tentarmos definir o que seria ceticismo, e daí iniciarmos uma discussão para uma solução. O ceticismo do qual estamos falando é definido como a negação de possibilidade de acesso a alguma certeza sobre o mundo externo. Não como afirmarmos que o mundo que vemos, ouvimos, ou sentimos é o mundo no qual nosso discurso trata, em outras palavras, não como dizer que se eu sinto um vento frio, que esse vento frio é o vento do mundo que eu estou, pois não há como provar causa e efeito.

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Nietzsche

Em Nietzsche a discussão moderna sobre conhecimento é totalmente abandonada, para ele não há necessidade de se pensar sobre essas coisas, pois elas só trarão enfado. Na realidade, tudo é relativo, e qualquer tentativa de absolutizar é incoerente e carece de significado. Ele faz ataques severos a Platão e toda a tradição que segue depois dele, e anuncia a morte de Deus. Sua filosofia é extremamente brutal e carece muitas vezes de argumentações lógicas, isso se dá porque ele estaria se contradizendo em dizer que tais coisas não são necessárias e usando-as para argumentar em favor. A conclusão é que questões como epistemologia, ética, religião entre outras, só há incertezas e pluralidade, portanto, não há porque se preocupar com essas questões, mas apenas tomar pra si sua própria regra. Nietzsche é o fundador do Pós-Modernismo, e sua vida retrata bem onde leva a irracionalidade pós-moderna, terminando sua vida num hospício.

O conceito de Revelação na Teologia Reformada

Muito ainda poderia ser dito sobre as origens do pensamento pós-moderno, mas para os nossos fins, o ceticismo de Hume somado a discussão de conhecimento que traçamos é suficiente para lançarmos luz sobre o que acreditamos ser um problema insolúvel se não for observado mediante a Revelação. Portanto, avaliemos o conceito de revelação em Gordon Clark e depois faremos uma defesa desse conceito como solução do problema do ceticismo.

Gordon Haddon Clark

Para Gordon Clark o conceito de Revelação é essencial para a teologia e filosofia. Ele acredita que não existe sistema de pensamento que tenha em sua base uma série de axiomas ou pressupostos. Esses axiomas não necessitam de justificação, pois são os pontos de partida para a compreensão do sistema. Alvin Plantinga afirma que não há necessidade de justificativa para crer que existem pessoas racionais além de mim, ou que o mundo não começou a existir a cinco minutos atrás. Esses axiomas apesar de não necessitarem de justificação, podem ser questionados, e verificados mediante as conclusões do sistema como um todo, e percebendo sua coerência. Nesse sentido a Revelação de Deus é o axioma da teologia. Mesmo que exista uma série de argumentos em favor da Revelação e autoridade de Deus, ainda assim, não haveria necessidade dessas justificativas, pois o cristão tem todo o direito de tomar como pressuposto a Revelação de Deus.
Por Revelação, Gordon Clark, entende os sessenta e seis livros da Bíblia, e portanto, não se refere a Revelação geral, mas exclusivamente a especial. De sorte que para Clark a verdade é proposicional, e portanto, todas as conclusões retiradas da Escritura proposicionalmente são verdadeiras e somente elas podem ser dadas como realmente verdadeiras. Clark argumenta que as certezas do homem são dependentes das certezas divinas, e assim, o homem só pode dizer que conhece algo se esse algo foi Revelado por Deus.

A Revelação e o pós-modernismo

O pós-modernismo põe em cheque a verdade de Deus, e deseja desautorizar qualquer tentativa de absolutizar os pensamentos, tenciona um relativismo que leva ao total abandono da teologia, e portanto, leva ao caos epistemológico, deixando o homem a sua própria sorte.

Revelação como certeza epistêmica

David Hume coloca em cheque a certeza de obter algum conhecimento, o homem não tem capacidade por si só de dar certezas sobre suas sensações e nem mesmo suas ideias. Toda ideia exige um universal[4], portanto, para o homem afirmar determinada crença é preciso que ele tenha conhecimento sobre todas as coisas referentes aquela crença para que sua fundamentação epistêmica seja aceita. No entanto, o homem não tem essa habilidade, qualquer afirmação que faz, a faz por meio de suas observações particulares e nunca com certezas universais. É necessário que haja algo externo ao homem que lhe dê certeza do que sabe, e isso acertadamente Descartes atribuiu a Deus. No entanto, ele dependeu as suas faculdades mentais a certeza desse conhecimento de Deus, mas isso como mostramos, não é satisfatório, mas, se afirmarmos que o próprio Deus onisciente afirmou e garante o conhecimento, nossa dúvida é totalmente dirimida. Assim, a Revelação garante a certeza do conhecimento, é ela quem dá ao homem a certeza de que o que ele conhece por meio da Escritura é verdadeiro e certo.

Revelação como garantia de acesso a realidade

No entanto, alguém pode objetar que para ter acesso a Revelação é preciso o uso dos sentidos, por não termos confiança nesses, toda a teoria estaria fracassada. No entanto, a Revelação também assegura que o acesso que temos da Realidade e da Escritura é verdadeiro, e isso se dá por meio do Espírito Santo, que reorganiza a mente que foi afetada pelos efeitos noéticos do pecado, para que compreenda as coisas de Deus.
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Revelação como solução para o ceticismo

Por fim, levamos o nosso conceito de Revelação às últimas conseqüências e afirmamos que ele resolve o problema do ceticismo, por dá ao homem o conhecimento, a certeza e a garantia da verdade, mediante a Escritura e o Espírito Santo. Duas questões podem ser levantadas, a primeira é a respeito do conhecimento não inferido das Escrituras, e a segunda é sobre o conhecimento do homem natural, o homem sem Deus. Sobre a primeira questão afirmamos que a verdade é derivativa e, portanto, o conhecimento natural é possível, mesmo que não haja expressamente na Escritura o assunto, para tal, é sempre necessário fazer uma auto-reflexão sobre o tema a luz da Bíblia levando e consideração os princípios que possam ser traçados. A segunda questão deve ser respondida com o uso da própria Revelação. Em Mateus 5.44-45 encontramos: Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. O conceito de graça comum que se extrai daí, é que o homem por pior que seja, por mais injusto que possa ser, ainda é reflexo da imagem e semelhança de Deus, e ainda é herdeiro de algumas promessas de Deus, por isso, mesmo sem conhecer as Escrituras, esse homem natural por meio da graça comum que se manifesta no mundo tem momentos de verdade, e acertadamente fala como se estivesse lendo a própria Escritura. Desta maneira, não estamos dizendo que a verdade é exclusiva do cristão, mas que ele é o único capaz de saber porque conhece a verdade e porque todos nós estamos certos sobre determinado assunto.

Conclusão

A Revelação é um conceito extraordinário, e muito ainda poderia ser falado sobre o tema, mas como proposta de um artigo não muito longo e de forma ainda introdutória concluímos que todas as coisas convergem em Deus, e não poderia deixar de ser que o próprio conhecimento também converge nEle.
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!
Romanos 11.33-36


Referências Bibliográficas:

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BARTH, K., Bromiley, G. W., & Torrance, T. F. Church dogmatics, Volume I: The doctrine of the Word of God, Part 2. Translation of Die kirchliche Dogmatik.; Each pt. also has special t.p.; Includes indexes. (1). Edinburgh: T. & T. Clark, 2004.
BARTH, K., Bromiley, G. W., & Torrance, T. F. Church dogmatics, Volume II The doctrine of God, Part 1. Translation of Die kirchliche Dogmatik.; Each pt. also has special t.p.; Includes indexes. (3). Edinburgh: T. & T. Clark, 2004.
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[1] No capítulo 3 de Gênesis a serpente traz dúvidas a respeito da verdade de Deus, e essas dúvidas levam ao desejo do conhecimento a parte de Deus, o conhecimento natural. Isso resultou na queda e na total perda de fundamentos epistêmicos válidos para o homem.
[2] Usaremos a versão digital do artigo encontrada em http://www.ditext.com/gettier/gettier.html
[3] Trabalharemos melhor isso quando tratarmos sobre David Hume.
[4] Quando pensamos sobre algum tema por mais simples que seja para termos certeza do que estamos falando é necessário que excluamos todo os outros temas que não correspondem ao que estamos falando, obviamente não é preciso que estejamos conscientes disso, teríamos que conhecer todos os temas possíveis no mundo, porém, é necessário que o tema tratado seja o mesmo tema em qualquer outro contexto ou lugar. Para deixar mais claro, um exemplo: Se penso sobre carros é necessário que eu exclua qualquer pensamento sobre qualquer outro automóvel ou qualquer outra coisa que não seja carro para que haja compreensão, portanto, é preciso que o conceito de carro em mim seja universal e que carro em qualquer lugar signifique a mesma coisa para mim.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Aconselhamento cristão versus psicologia?

Já passa do limite. Do jeito que a coisa vai, muitos psicólogos e conselheiros precisarão de ajuda para resolver problemas de ira e de maledicência. Digo isso entre jocoso e sério. A parte séria, pelo menos, merece uma resposta satisfatória. Mas como satisfazer ambos os lados? A única maneira que vejo, será por meio de romper a barreira e permitir uma boa conversa que provavelmente não convencerá quem não quiser entender, mas que esclarecerá qual seja o limite.

Primeiro, consideremos a relação entre a Bíblia e a psicologia. Explicando aos meus alunos, costumo perguntar: Entre a Bíblia e um livro de psicologia, qual você escolheria? A resposta dos cristãos, na maioria das vezes, é: A Bíblia, lógico! Por mais piedosas que pareçam, qualquer das escolhas é inadequada, Quem diz preferir a psicologia, terá exaltado o livro à altura da Bíblia; quem preferir a Bíblia terá rebaixado a Palavra de Deus à altura da psicologia. Isso é por que os dois são elementos de diferentes categorias. A psicologia é o estudo observacional do homem e a Bíblia é a revelação do criador sobre o conhecimento dele mesmo e da criatura, em uma relação essencial. A Bíblia foi dada ao homem para, entre outros usos decorrentes, ser o critério para interpretação da vontade de Deus, do homem e do mundo – incluindo o livro de psicologia. Não é fato que existem diversos tipos de aconselhamento (vocacional, profissional, legal, médico etc.)? Não existe a expressão aconselhamento psicológico? Poderíamos dizer aconselhamento aconselhar ou psicologia psicológica? Isso mostra que são termos diferentes.

Segundo, consideremos as psicologias. Estranho o uso do plural? Mas é isso mesmo. Cada teoria de psicologia expõe e defende interpretação e processo diferentes e, à vezes, antagônicos. Ora, há uma razão para isso. Deixe-me ilustrar. Imagine uma estrada plana e reta em que, onde a vista alcança, você enxerga algo como uma metade de uma esfera. Um besouro? Uma quenga (meia casca de coco)? Um capacete de soldado? Aproximando-se o objeto, você advinha mais. Uma tartaruga? Um tatu galinha? De repente, você percebe: é um fusca! Bem próximo, a satisfação do conhecimento enche os olhos. Mais perto, um metro, é uma raridade, sem amassado e com a cor original. Quase junto, dois centímetros, e tudo que você vê, agora, é o brilho de um pedaço bem pequeno de cor e luz, impossível de descobrir a natureza. Se existisse elefante polido e pintado, poderia ser um deles. Imagine, então, que diferentes observadores estejam olhando para estradas diferentes, tentando elaborar teorias sobre a natureza de objetos parecidos que se movem na direção deles? Certamente teríamos tantas teorias quantos fossem os observadores. Assim, temos tantas psicologias quantos são os estudiosos dos movimentos internos e externos dos homens. Isso é mau? Não por isso. O Dr. J. Adams, pioneiro da reabilitação do aconselhamento bíblico disse, em What About Nouthetic Counseling (Grand Rapids: Baker, 1976, p. 31), que ele mesmo tirou proveito de estudos psicológicos sobre o sono, e que não vê com maus olhos a psicologia observacional (método científico honestamente aplicado). Ele rejeita, sim, o uso impróprio de abstrações das psicologias como métodos de redenção do ser humano.

Essa perspectiva nos leva a uma terceira consideração: o que é que a Bíblia diz sobre aconselhamento e psicologia? Em 1Coríntios 2.9-16, o apóstolo Paulo disse que nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem o coração humano pode entender o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Isso, ele disse sobre o conhecimento do homem pelo próprio homem, tanto do incrédulo quanto do crente, dando como referência o conhecimento do Criador. Os crentes, ele continua, recebem revelação do espírito que a tudo perscruta – as profundezas de Deus e do homem. O método desse conhecimento é, portanto, espiritual e não natural. Aqui, Paulo estabelece a distinção feita acima: o espiritual não é paralelo ao natural nem somente uma questão de divisão interna do homem. Na verdade, espiritual e natural são conceitos que pertencem a categorias diferentes. Além disso, o espiritual é uma totalidade abrangente que compreende e deveria reger o natural. Hoje, tal como os observadores das estradas, vemos algo com forma de homem, mas não entendemos sua natureza nem sua condição. Se o Espírito não no-lo revelar, concluiremos qualquer coisa.

O fato é que o Espírito nos revela, na Palavra, que o homem foi criado bom, que presentemente se encontra decaído por causa do pecado, e que ele é passível de redenção. Ocorre que o homem decaído não entende nem discerne as coisas espirituais. Paulo disse que o homem espiritual escrutina todas as coisas e ele mesmo não é escrutinado por ninguém; o homem natural, por sua vez, não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. A palavra grega traduzida como natural, nesse texto, é psuchikos (psíquico). Você vê outra interpretação senão que o aspecto interior do homem sem Deus, a psique, é o objeto de estudo das psicologias? Não estou esbordoando os psicólogos, mas apenas, dizendo que a consideração do homem somente sob o critério psicológico é considerá-lo fora de sua natureza, descartando sua condição e sem possibilidade de tratar seu verdadeiro problema. Tudo o que as psicologias podem fazer, é tentar adivinhar. Muitas vezes, o gênio que Deus concedeu a todos, crentes e incrédulos, não pode evitar o reconhecimento de coisas verdadeiras no homem e no mundo. Contudo, se falha em considerar a Deus e sua revelação quanto ao homem e ao mundo, ele fica como quem imagina diferentes coisas a diferentes distâncias.

Nem toda a sabedoria deste mundo poderá entender a totalidade do que Deus tem para os seus. Nenhuma psicologia poderá resgatar o homem de seu problema básico. Só Deus, em Cristo, é Redentor e Senhor da humanidade. É certo que, uma vez conhecido o fusca, alguém poderá lavá-lo, consertar suas partes e dirigi-lo, mas jamais poderá lhe conceder vida, mente, vontade e sentimentos. Lembre-se do que Paulo também disse: Ninguém, senão Deus, no Espírito, poderá assegurar a salvação; ninguém, senão Deus Trino poderá assegurar o anseio último da alma, isto é, um senso de dignidade, pertencimento, uma imaginação interpretativa acurada e criativa, nem uma operação interior e exterior que reflita a razão de sua própria criação. Fomos criados para habitar em Deus, para pensar seus pensamentos e para atuar em verdade e amor sobre as obras de Deus.

Você percebe, então, que não se trata de uma rivalidade entre aconselhamento bíblico e psicologia secular? Como Paulo disse em outro lugar, nossa luta não é contra o sangue e a carne (Efésios 6.12). Deverá haver uma psicologia bíblica – biblicamente teológica antropológica e soteriológica, – que não seja uma visão reduzida do homem de maneira secularmente antropológica, sociológica ou fisiológica. Antes ela deve vir de Deus, ser revelada na Bíblia e ser testemunhada ao coração pelo Espírito Santo. O aconselhamento cristão pretende ter essa noção, mas não está limitado ao homem interior ou exterior. Ele trabalha em todos os limites que Deus preparou e

...manifestou aos seus santos aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo... (Colossenses 1.26b-28).


Wadislau Martins Gomes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

Censura.jpgA Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 [LINK http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808] e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.

Uma breve reflexão sobre a perseguição aos evangélicos no Brasil


As primeiras informações que retratam de forma efetiva a perseguição religiosa no Brasil se remota a 1557, quando os huguenotes (calvinistas franceses) chegaram ao Rio de Janeiro  com o propósito de ajudar a estabelecer um refúgio para os calvinistas perseguidos na França.

Em 10 de março de 1557, os protestantes franceses celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e no dia 21 de março celebraram a primeira Santa Ceia. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam.  Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram de volta para a França. Quando o navio ameaçou naufragar por excesso de passageiros e por ter pouca comida, cinco deles resolveram  regressar.  Esses cinco se sacrificaram em favor dos seus irmãos na fé. Assim que chegaram em terra foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, foram obrigados a professar por escrito sua fé, no prazo de doze horas, respondendo uma série de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confissão de fé na América, sabendo que com ela estavam assinando a própria sentença de morte. Essa maravilhosa declaração de fé é conhecida como a "Confissão de Fé da Guanabara" (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Os mártires do evangelho foram enforcados e seus corpos atirados de um despenhadeiro. Balleur fugiu para São Vicente, SP, foi preso e levado para Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram expulsos.

Quase 100 anos depois, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste.  Neste periodo João Maurício de Nassau-Siegen, que governou esta região entre 1637 a 1644,  concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus.  Sob os holandeses, a Igreja Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de cinquenta pastores ou "predicantes" serviram essas comunidades. A Igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.

 Desde então, não se sabe de relatos de cultos protestantes no Brasil. No entanto,  com a chegada da família real a terras tupiniquins e com a abertura dos portos  as nações amigas,  as confissões protestantes começaram paulatinamente a chegar ao país. Os Anglicanos chegaram em 1811, os luteranos em 1824, os Congregacionais em 1855, os presbiterianos em 1859, e  os batistas em 1871. Todavia, em virtude da constituição de 1824 outorgada por D. Pedro I, que afirmava ser o catolicismo romano a religião oficial do Brasil, os protestantes não possuiam direito a cultos públicos em lingua portuguêsa, além é claro de não terem permitidos a construção de templos com aparência religiosa.

Já no governo de  Dom Pedro II , (mesmo o imperador possuindo uma grande simpatia pelos protestantes), não era nada fácil afirmar publicamente a fé nos pressupostos cristãos, mesmo porque, a religião oficial do Estado imprimia  forte perseguição religiosa aos evangélicos.

Com a Proclamação da República, o Estado Brasileiro deixou oficialmente de ser Católico Romano permitindo assim com que os protestantes tivessem direito a culto. Todavia, como não poderia deixar de ser, a maioria da população ainda desenvolvia um significativo preconceito para com aqueles que se diziam cristãos protestantes. A consequência direta disso foi a  aniquilação de  inúmeras templos evangélicos, que de forma covarde foram  destruidos pelo fogo. Dentre estes, encontra-se a 1ª  Igreja Batista de Niterói, que em 14 de abril de 1901, teve  seus móveis, púlpito, pertences e diversos utensílios queimados em plena rua, além de sua sede destruída.

Durante a primeira metade do século XX, os crentes em Jesus foram estigmatizados e denominados pelo clero romano como hereges sofrendo por conseguinte ofensas morais, onde atributos pejorativos lhes eram destinados. Junta-se a isso, o fato de que muitos por causa da sua  crença sofreram no corpo agressões físicas por não professarem a fé dos sacerdotes romanos. Na segunda metade do século XX a perseguição se deu de forma velada mediante os meios de comunicação que a todo custo vendiam a sociedade brasileira a imagem de uma igreja burra, ignorante e manipuladora da fé alheia.

Caro leitor, a constituição de 1988 nos garante liberdade de fé e religião.  O artigo 5º da Carta Magna diz que ´"É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias." Todavia, os cristãos evangélicos correm o risco de sofrerem novas perseguições substanciais em virtude do projeto de lei 122 que tramita na Congresso Nacional que se aprovado irá criminalizar àqueles que  manifestam suas opiniões religiosas contrárias ao casamento gay.

Vale a pena ressaltar que a fé protestante não defende a homofobia. Na verdade, nós cristãos-evangélicos somos contrários a todo tipo de violência física condenando veementemente aqueles que atentam contra a vida de quem quer que seja. Todavia, acreditamos também que possuímos o direito irrevogável e constitucional de expor publicamente nossa fé conforme claramente afirma a nossa carta magna.

Isto posto, oro ao Senhor nosso Deus que estenda a mão sobre o Brasil livrando a sociedade brasileira de uma lei que sem sombra de dúvida promoverá mais uma severa perseguição religiosa no Brasil.

Soli Deo Gloria,
Renato Vargens

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Você tem todo o direito de discordar...

"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."
(Voltaire)
Voltaire hoje seria considerado um homofóbico. Qualquer pessoa que defenda um posicionamento de liberdade de expressão quanto a questão da sexualidade será dado como homofóbico que impede as pessoas de viverem suas paixões. Para essas pessoas não é suficiente que você não se importe com o que elas fazem, você é obrigado a concordar com elas.
A pouco, estive debatendo no facebook na comunidade que foi feita contrária ao posicionamento do Chanceler do Mackenzie Dr. Augustus Nicodemus. Os integrantes pretendem fazer um ato de protesto na frente do Mackenzie dia 24 de Novembro, e para eles palavras como: Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. São consideradas como violência e ódio aos homossexuais. Não conseguem aceitar o contrário e qualquer discurso que vá de encontro a eles é caracterizado como medieval, arcaico, odioso e ignorante. É uma espécie de ditadura que se impôs sobre nós, e que estamos todos afundados.
Eu, assim como o Dr. Augustus, defendo a liberdade de expressão, acredito que todos têm o direito de expressar sua opinião, e como Voltaire luto por isso até o fim. Porém, assim como tenho o direito de dar minha opinião, não posso tolher a dos outros, como se as minhas palavras fossem as únicas que pudessem ser aceitas, como se o meu modo de pensar fosse o único que pudesse ser verdadeiro, como se eu fosse um deus contra os meros mortais. Isso é um absurdo, e qualquer pessoa deveria ser contrária a esse pensamento. Mesmo um homossexual deveria ser contrário a isso, pois assim como eles querem impedir o Dr. Augustus de falar, alguém pode impedi-los de fazer o mesmo, e portanto, é um tiro no pé.
E como se não bastasse toda essa celeuma, a imprensa faz o que sabe fazer de melhor: distorcer. A cada veiculo que tentar tratar sobre o tema uma coisa é modificada, alguns disseram que o texto foi publicado na semana passada, outros que foi ontem, a verdade é que desde 2007 o texto está disponível no site da chancelaria do Mackenzie. Para quem não entendeu ainda, eu explico. Em 2007 o Rev. Augustus escreveu uma homilia baseada na decisão da IPB sobre a PLC 122, depois publicou no site do Mackenzie na parte que é da chancelaria. Semana passada alguém descobriu isso e começou por meio de Twitter e Facebook a divulgar que o Mackenzie queria ter o direito de ser homofóbico. Depois alguns blogs começaram a divulgar a nota e o fim foi que alguns jornais online já estavam publicando a matéria.
É claro que o Mackenzie não é homofóbico nem discrimina ninguém por conta da sua sexualidade, muito pelo contrário, há um grande número de professores e alunos homossexuais, e nunca foram forçados a nada por conta disso. No entanto, a Universidade Mackenzie, que é presbiteriana desde o princípio, e portanto, cristã, tem princípios que regem, e assim, um deles foi explicitado na homilia do Dr. Augustus, a liberdade de expressão sobre sexualidade, a Bíblia tem um conceito sobre isso muito bem fundamentado, mas não diz que o cristão tem que forçar as pessoas a aceitarem, a verdade não deixa de ser verdade por conta das pessoas não aceitarem. Desta forma, o texto do Rev. Augustus está totalmente coerente com a lei e com a Bíblia, e também com os princípios acadêmicos.
É triste ver que as pessoas não conseguem conviver com o diferente. A esperança se encontra, não em outro lugar, mas na própria Escritura:
Mateus 5.10-12  Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
O Rev. Augustus agora tem motivo para alegrar-se em dobro, a perseguição, a mentira e a injuria, tudo aquilo que aconteceu com os profetas antigos agora acontece com ele. Deus seja grandioso por isso. A Graça e a Misericórdia de Deus se mostram em meio a toda essa confusão, e no meio do deserto há motivos para alegria.

Eu me coloco totalmente em favor do Rev. Augustus e do seu posicionamento, e declaro que vou lutar até o fim para que todos tenham direito de se expressar e dizer o que pensam.
Àquele que é poderoso para fazer o morto ressuscitar e o vivo morrer,
Ronaldo Barboza de Vasconcelos.
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Leia a íntegra da carta do chanceler do Mackenzie:
Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia
Leitura: salmo 1
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.
Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, "desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".
Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Prepare-se. O Reino de Eliom está próximo.

Prepare-se. O Reino de Eliom está próximo.

ELIOM


Uma história de amor que vence o tempo e a morte.
Um rei bondoso que abre mão do seu filho em favor do seu povo.
Um príncipe que movido por amor parte ao encontro de um mundo cruel para resgatar a amada.
Uma incrível história de amor, aventura e magia.
Prepare-se. O Reino de Eliom está próximo.

Novembro de 2010.


O Evanarte traz ao palco do Teatro Barreto Jr sua mais nova produção: o espetáculo Eliom.

Os ingressos estarão à venda no estande do Evanarte depois do culto nos domingos e durante a semana na secretaria da IPG. Nos dias de espetáculo também venderemos ingressos na bilheteria do teatro.


SERVIÇO

Espetáculo: Eliom
Quando: Sábados, 6 e 13 de novembro
Horários: 18h e 21h
Ingressos: R$10,00 (preço promocional)

- antecipados na secretaria da Igreja Presbiteriana das Graças e nos dias de peça na bilheteria do Teatro Barreto Jr.

Informações: (81) 3081.1179
http://www.evanarte.blogspot.com/
www.twitter.com/evanarte

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O "$HOW" TEM QUE PARAR!

"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” (2 Co 13.8)

Por Gaspar de Souza

No último dia 25 de setembro de 2010 aconteceu em Recife, no bairro de Boa Viagem, a conhecida “Marcha para Jesus”. Nós, Cristãos Protestantes, estivemos lá. Mas não fomos para dançar, pular, declarar que “Recife é do Sinhor Gezuis”, não fomos “profetizar virado para os edifícios à beira mar”, não fomos “derrubar muralhas” – havia muitas “mulheres evangélicas” vestidas e dançando de tal forma que eram capazes de derrubar muitos...hehehe... misericórdia – não fomos “marchar para o Gezuis” da Marcha. Não! Fomos para um protesto, tal como nos declaramos: fomos ser protestantes.
Seguindo o exemplo do movimento “Marcha Pela Ética Evangélica Brasileira – O $how tem que parar!”, que começou em São Paulo com os irmãos Paulo e Vera Siqueira, uma turma composta por dez jovens (eu não tão jovem assim, não é?) foi às ruas de Recife portanto faixas e camisas contendo versos bíblicos (1 Tm 6. 3 – 10; 2 Pe 2.3a) e o dizer “Voltemos ao Evangelho Puro e Simples. O $how tem que Parar!”.
Nos encontramos na Igreja Presbiteriana dos Guararapes, pastoreada pelo Rev. Gaspar de Souza (eu de chapéu) e, de lá, seguimos até o centro da passeata. Estávamos apreensivos ao que poderia acontecer. E, defato, aconteceram algumas coisas. Ficamos pouco mais de 200 metros do primeiro trio-elétrico. Ali mesmo abrimos as faixas, o que logo chamou a atenção de muitos. Procuramos ficar próximos para evitar algum atrito e isolamento do pequeno grupo.

Qual não foi a nossa surpresa ao encontrarmos manifestação de apoio, como o rapaz aí no vídeo que disse que encomendou a camisa, mas ainda não havia chegado. Outras manifestações foram altamente positivas, como a do irmão de Guiné-Bissau aí no vídeo, que indignado chamou o evento de “pura babilônia”.

Claro que nem tudo são flores. Uma senhora, vestindo camisa da “Marcha”, ameaçava-nos processar porque estávamos filmando o evento. Outros nos mandaram “evangelizar os gays, na parada gay”. Em toda ocasião procuramos ficar calados e não responder às provocações. Apenas quando alguém nos perguntava o motivo do protesto, respondíamos e filmávamos. Em outra ocasião, os “abre-alas ou porta-bandeiras” da Marcha pararam em frente às faixas, talvez tentando barrar a massa ignara da leitura dos textos. Outro episódio foi de uma mãe que, ao ver o filhote fotografando uma das faixas, perguntou ao moleque: “é isso que você quer pra você? Eu não quero isso não!”. Parece-nos que a faixa era a que dizia: “voltemos ao Evangelho Puro e Simples!”

O que presenciamos foi um show de horrores, um babilonismo; assemelhava-se às saturnálias romanas; era uma evento dionisíaco, sem a embriaguez e as orgias explícitas, mas com as “dancinhas sensuais” embaladas pelo “timbalada gospel” do “expresso suingueira” e “expresso louvadeira”. Tinha mãozinha aos altos, os “sai do chão”, as “reboladas gospel”, “trenzinho gospel”, “mãozinhas gospel nos joelhos gospel”. Até um boneco (parecido com os da “turminha da graça” do R.R. Soares) distribuía – no Recife a gente diz que estava “fazendo bamburim” – pacotinhos de biscoitos para os “miseráveis da fé”. Lembrei-me do “pão e circo”.

Enquanto isso, um “abre-alas” chegou a ler uma de nossas faixas. Um momento cômico foi quando a chuva começou a cair. Os “poderosos da fé” levantaram as mãos aos céus e começaram a repreender a chuva! Putz! E o pior! Pareceu-nos que eles não tinham tanta fé assim, pois começaram a cobrir os trio-elétricos com os toldos...kkkkkk. Os caras nem perceberam a contradição entre o que estavam fazendo e o que estavam dizendo.

A cada trio, lá estava a multidão pulando, correndo, requebrando, berrando, misturando os comícios políticos – não faltou oportunista na ocasião. Até a Shirley Carvalhaes estava no trio. Como candidata, claro. Bandeiras de apoio a político e partidos; propagandas de aguardentes (Pitú e 51) e alguns “Após Tolos” de plantão.

Ficamos até o último trio, quando a chuva caiu mais fortinha. Os garis da Emlurb (Empresa de Limpeza Urbana) – Prefeitura de Recife – estavam lá para limpar a sujeira. Claro, ao fazerem isto, foram pagos com dinheiro de TODOS os Contribuintes de Recife, quer fosse evangélicos, católicos, ateus, espíritas ou sem religião. Enfim, os “de Gezuis” fazem a “Marcha” da saturnália, e TODOS pagam...

Agradecemos a todos que participaram conosco: Danilo, Teófilo, Tatyana, Ana, Mirian, Davison e as duas meninas (Danilo, por favor, coloque os nomes delas, ok?). A todos que apoiaram este protesto, os nossos agradecimentos. Querendo Deus, no próximo ano estaremos lá novamente. Ainda este ano enfrentaremos outro evento que acontecerá aqui em Recife. Aguardem notícias.

Rogamos a Deus que as suas ovelhas sejam acordadas para o engodo que é a tal Marcha.

Mais Fotos. O vídeo já foi editado. Aguardem para a postagem.
Davison e Taty

Esta senhora nos ameaçava....

Danilo, Rhyane e Teófilo

A marca de uma famosa aguardente aqui na região
Marcha e Campanha Política

Indo em direção aos Trios

Postado por Gaspar de Souza