terça-feira, 13 de setembro de 2011


Alvin Plantinga: um filósofo cristão

UM POUCO DA FILOSOFIA DE VIDA DE ALVIN PLANTINGA

É o desejo que gera o pensamento.
Plotino
Em geral, só imaginamos Platão e Aristóteles com grandes túnicas de pedantes. Eram pessoas honestas e, como as outras, rindo com seus amigos; e, quando se divertiram em fazer suas Leis e sua Política, fizeram-nas brincando. Era a parte menos filosófica e menos séria de sua vida. A mais filosófica consistia em viver simples e tranquilamente.
Pascal

Filosofia não se reduz à simples reflexão sistemática e sofisticada de um tema. Mas antes disto é um modo de vida. O homem vive e escolhe pra si um modo de vida de acordo com suas crenças e prioridades. E, os filósofos são os que desenvolvem um sistema sofisticado de razões para as suas crenças, e que conseguem, no decorrer de sua vida, falar e defender o modo que viveram e escolheram viver. É claro que nem todos fazem isso, sabemos que o escritor de Emílio ou Da Educação, Jean-Jacques Rousseau, foi um péssimo pai que abandonou filhos numa espécie de orfanato. Karl Marx, que teve um filho fora do casamento e não quis assumi-lo dando a paternidade a outro e depois oferecendo a outra família para cuidar, tinha uma “ótima” teoria para a boa educação da sociedade com a finalidade de tirá-la da alienação e da opressão burguesa, aparentemente isso não estava reservado aos seus filhos. Esses homens contradizem suas vidas com que dizem ou porque o que dizem não é aplicável ou só o dizem para satisfazer o coração daqueles que esperavam aquelas palavras. E por isso, muito provavelmente não creram no que diziam.
Há filósofos, no entanto, que nitidamente dizem o que creem e procuram dar razões a tais crenças em seus escritos. Um destes filósofos, sem dúvidas, é Alvin Plantinga. Ele nasceu em 15 de Novembro de 1932 em Ann Arbor, Michigan, onde seu pai era estudante de Filosofia, na University of Michigan. Teve uma educação cristã reformada nos moldes Calvinista-Holandês, pois seus pais vinham desta tradição. Quando estava para fazer 17 anos matriculou-se no Jamestown College, mas seu pai foi convidado para ensinar psicologia no Calvin College obrigando o jovem estudante a se mudar para lá. Um pouco contrariado mudou-se para Grand Rapids, e já matriculado no Calvin, resolveu, só por brincadeira, se candidatar a uma bolsa em Harvard University, e quão grande foi a surpresa de ter recebido uma boa bolsa de estudos para fazer filosofia lá. Quando já tinha feito dois semestres em Harvard, foi visitar o seu pai nas férias, e como as férias de Harvard eram diferentes das do Calvin, resolveu fazer algumas matérias enquanto estava lá. Ficou completamente maravilhado com as aulas de William Harry Jellema, professor de filosofia desde 1920 no Calvin, que inclusive em 1922 formou em filosofia Cornelius Van Til[1]. Com as aulas de Jellema, Plantinga pôde ouvir filosofia de maneira extremamente sofisticada e Cristã, e as muitas dúvidas que já tinha nos primeiros semestres em Harvard puderam ser observadas numa ótica cristã. Ele se apaixonou tanto por Jellema que transferiu-se para o Calvin College, estudando aos pés de Jellema. Saiu de lá em 1954 para o mestrado na University of Michigan, onde foi aluno de William P. Alston. Por fim, obteve o seu Ph.D. na Yale University em 1958.
É notório observar que o caminho dos estudos de Plantinga foi norteado pela sua cosmovisão cristã e o seu desejo de responder as objeções formuladas pelo pensamento ateísta. Num artigo escrito para contar um pouco da sua história ele afirma que uma das coisas que o fez sair de Harvard e ir pro Calvin estudar com Jellema foi que em se referindo a essas objeções o professor disse: [que] “a oposição intelectual ao Cristianismo ou ao Teísmo era na verdade um amontoado de imperialismo intelectual com pouca base real.”[2] Portanto, é fácil perceber que o modo de vida adotado por Plantinga foi também o modo de vida adotado academicamente por ele. Isso será ainda mais patente nos trabalhos dele e nesse sentido precisamos fazer alguns pequenos comentários sobre os livros mais importantes dele e algumas de suas ideias.
Em 1964 ele publicou seu primeiro livro em conjunto com outros autores que foi intitulado, Faith and philosophy: philosophical studies in religion and ethics issued in honor of W.Harry Jellema. Uma clara homenagem ao seu mentor filosófico. Nisto, Plantinga já dava os seus primeiros passos na Filosofia Analítica da Religião, onde se destacará como o maior nome desta área de estudo. Das grandes discussões sobre a fé e sua racionalidade aguçou-se o interesse pelos antigos argumentos medievais para a existência de Deus, em especial o argumento ontológico de Anselmo de Cantuária, o qual o seu professor William P. Alston já havia escrito numa tentativa de refutar o argumento ontológico, assim como as modificações propostas por alguns filósofos tais como o testamentário de Wittgenstein, Norman Malcolm, a quem se atribui o grande aumento atual pelo interesse deste argumento[3]. Desta forma, edita o livro The Ontological Argument que é uma compilação dos trabalhos mais notáveis sobre o argumento, desde o próprio Anselmo até Norman Malcolm, passando por Descartes, Leibniz, Espinosa, Kant, Alston, entre outros. Em 1967 escreve God and Other Minds, a obra que o fez conhecido na filosofia da religião, dedicado ao estudo da justificação racional da crença em Deus. Neste livro ele faz pelo menos duas marcantes argumentações em prol da racionalidade da crença na existência de Deus. (1) a famosa defesa do livre-arbítrio (free will defense), em que para responder ao problema do mal, propõe que o melhor mundo possível é o mundo com livre-arbítrio[4], e portanto, Deus por ser perfeito, só poderia criar o melhor mundo possível, e sendo este mundo com livre-arbítrio, coube ao homem fazer a escolha de ter ou não mal no mundo, e assim, Deus não seria culpado pelo mal, dado que foi o próprio homem na sua liberdade que o produziu. (2) a proposta da analogia da crença em outras mentes e da crença em Deus, onde, usando muito Wittgenstein, ele dá os primeiros passos para o que depois será chamado da Basicalidade da Crença em Deus, em que defenderá que alguém não precisa de evidencias, como as propostas pelo Círculo de Viena, para crer em Deus. Por conta das discussões modais envolvendo o argumento ontológico, ele escreve em 1974 The Nature of Necessity, livro sobre metafísica modal, sendo, portanto, um dos primeiros a escrever sobre o assunto, já que o livro que se dá como o início dessa discussão na contemporaneidade é o Naming and Necessity de Saul Kripke no ano de 1972. 
Em 1974 escreve God, Freedom and Evil, um livro que visa principalmente tratar do problema do mal, tema que ele já havia tratado em God and Other Minds e em The Nature of Necessity, neste último ele é mais detalhista principalmente nas difíceis discussões modais. Em 1983 lança junto com Nicholas Wolterstorff o livro Faith and Rationality: Reason and Belief in God, onde há artigos de vários autores sobre o tema da racionalidade da crença religiosa. É neste livro que ele lança o que seria o mais famoso artigo dele, com 67 páginas o Reason and Belief in God expõe de maneira magnífica um dos maiores argumentos em prol da racionalidade da crença em Deus, e é neste artigo que ele propõe de maneira mais pormenorizada, antes de 2000, a basicalidade da crença em Deus, teoria que a crença em Deus é básica e, portanto, não precisa de evidências, muito menos científicas, para ser racional.
Mas ainda não foi falada a maior obra do filósofo Alvin Plantinga, na realidade não é uma obra, mas três. Aquilo que ficou conhecido como a trilogia do Warrant. Como já ficou claro para o leitor, o caminho da pena de Plantinga sempre girou em torno da resposta e refutação das objeções contra a fé cristã, e, influenciado por Jellema, Plantinga não teve medo de estudar assuntos considerados dos mais difíceis da filosofia. Porém, como ele mesmo diz, até então não tinha se debruçado no assunto mais difícil que tinha enfrentado, a discussão sobre a definição de conhecimento proposicional pós-Gettier.
Em 1963, Edmund Gettier faz uma reviravolta na epistemologia com um artigo de 3 páginas publicado pela Analysis. Gettier já havia trabalhado com Plantinga, eles foram colegas de docência na Wayne State University, e o próprio Plantinga afirma que Gettier, a despeito de ser filho de pastor, confrontou várias vezes as crenças de Plantinga com argumentos ateístas tão sofisticados e profundos que ele nunca havia se deparado antes. E sem sombra de dúvidas, desde aquele tempo, meado de 1957, Plantinga se preparava para refutar as maiores objeções que já havia encontrado. E num trabalho primoroso e sofisticado publica de uma só vez dois livros em 1993, Warrant: The Current Debate e Warrant and Propper Function. No primeiro livro, tenta expor o atual debate em torno da justificação da crença para ser reconhecida como conhecimento, citando, analisando e refutando os maiores filósofos da epistemologia contemporânea. E no segundo, corajosamente, explica e argumenta em favor da sua própria teoria para a justificação da crença, a qual ele chamará de Garantia e Função Apropriada. Não é objetivo deste trabalho, expor os pormenores desta difícil tarefa de Plantinga, mas é salutar que por conta desta teoria dezenas de artigos e livros foram escritos para analisar, refutar ou aprimorar a teoria. Mas foi em 2000 que Alvin Plantinga escreveu sua obra mais completa, Warranted Christian Belief. Ali, ele nos dá um final maravilhoso para todo o seu projeto.[5] Ele trata sobre todas as problemáticas que já havia trabalhado nos seus outros escritos e muitas outras, como pós-modernidade, criticismo Bíblico, mas principalmente, aprimorando sua teoria da Garantia e Função Apropriada. Não há dúvidas que esse é o trabalho mais completo e sofisticado de Plantinga, principalmente porque ele mesmo afirma isso.
O que podemos observar com toda essa narrativa biográfica e bibliográfica é que Alvin Plantinga é um filósofo como os antigos gregos, como os filósofos cristãos e como alguns outros filósofos que manifestaram em seus escritos aquilo que faziam publicamente. E de modo específico ele levou sobre si o mandamento de destruir os conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo. (Segunda carta de São Paulo aos Coríntios 10.5).
Ronaldo Barboza de Vasconcelos.[6]


[1]  Dr. Cornelius Van Til, por 43 anos foi professor de apologética no Seminário Teológico Westminster, na Filadéfia, e professor emérito desde a sua aposentadoria em 1972, morreu em 17 de Abril de 1987 com 91 anos.Cf.  http://www.vantil.info/articles/obituary.html
[3] Charles Hartshorne revindicou para si a autoria do argumento ontológico modal. Plantinga, para evitar entrar no mérito da autoria, chamou esse argumento de “o argumento Hartshorne-Malcolm”.
[4] Logicamente anterior a esta argumentação, Plantinga, também propõe o desafio de que alguém possa mostrar que as duas proposições, (P) Há um Deus bom e todo poderoso, e (Q) Há mal no mundo, são contraditórias e, portanto, excludentes.
[5] Foi o estudioso de Alvin Plantinga, Ms. Bruno Uchôa, doutorando em filosofia na UFSC, que chamou a minha atenção para o projeto apologético de Plantinga, também devo a ele algumas críticas a esse artigo, que foram imediatamente acatadas.
[6] Bacharelando em Filosofia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Teologia no Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição.

terça-feira, 14 de junho de 2011

domingo, 5 de junho de 2011

Um convite a honestidade intelectual no debate sobre homossexual(ismo)(idade)


Talvez uma das temáticas mais discutidas no Brasil atualmente é o comportamento homossexual. E como não poderia deixar de ser para uma temática que cai no senso comum, tem sido grandiosamente mal compreendida ou discutida de maneira desonesta e recheada de falsos conceitos. De um lado temos os grupos homossexuais[1] defensores de todo o tipo de liberdade sexual, e que desejam, mais do que respeito ou liberdade para seu comportamento sexual, problematizar a heteronormatividade e a heterossexualidade.[2]
Por outro lado, alguns líderes evangélicos esbravejam ignorância sobre o tema, pois insistem em afirmar que ser homossexual é uma escolha, que a diferença entre raça, cor ou idade com homossexualismo é porque nos anteriores não há opção, enquanto que ser homossexual é uma opção. Coisa, inclusive, que foi reproduzida pela nossa presidente.[3]
A finalidade deste post não é dar respostas Bíblicas a questão homossexual, nem elencar uma infinidade de textos que chamam essa prática de pecado, nem também dar respostas a como alguém pode abandonar esse pecado, alguns post meus já trataram sobre isso[4]. A finalidade é desafiar para que essa temática seja tratada com mais honestidade e menos raiva. A primeira coisa que preciso fazer é explicar o título do post e o porquê do “ismo” e da “idade”. Isso pode ser respondido ao retornarmos a origem da palavra e ver porque o movimento gay insiste tanto no termo homossexualidade.
Karoly Maria Benkert
A palavra homossexual foi usada pela primeira vez por Karoly Maria Benkert, jornalista austro-hungáro, que dedicou boa parte de sua vida pela defesa dos direitos gays[5]. Tanto o sufixo “ismo” como o sufixo “idade” são designados para substantivos abstratos tendo a sua diferença na origem da língua, o primeiro é grego (ismo) e o segundo latim (itas; itatis). Mas por que eu acredito que o termo “ismo” deva prevalecer? Acredito que é comum em nossa língua o uso de “ismo” para falar de substantivos de alguma escola filosófica ou alguma visão sobre algum aspecto da vida.[6] E por conta da palavra “identidade” ter o sufixo “idade” ficaria estranho o uso de homossexualidade, já que isso não é uma identidade sexual, mas sim uma conduta sexual. A identidade sexual se estabelece nos ditames naturais, vistos em toda criação divina. Em Gênesis, quando Deus cria os animais, os constitui entre machos e fêmeas, não havendo assim, outra identificação sexual. Da mesma forma, o homem é criado como macho e fêmea, não havendo, portanto, alguma identidade híbrida ou neutra. Dessarte, que o comportamento homoafetivo não modifica a identidade sexual do homem, somente faz uso redirecionado da estrutura de individualidade da criação.[7]
Justificado o título, podemos nos aprofundar naquilo que é dito pelos grupos homossexuais. É normal que se encontre em algum desses grupos com o seguinte argumento: “Nós nascemos gays, isso veio da minha própria natureza, como posso ter culpa disso? Ou tentar mudar como eu nasci?” Os mais “cristãos” diriam: “Deus me criou assim, se alguém tem culpa é ele, pois que não tive escolha”. Ao que parece, há algo de verdade no que é dito. É difícil pensar em alguém que um dia tenha levantado da cama e dito pra si mesmo: “Huumm, acho que vou virar gay...”. Ninguém escolhe pra si uma vida de preconceitos, de não aceitações e todos os tipos de dificuldades que um comportamento gay possa causar.[8] Mas se não é uma escolha o que seria? Estariam certos os grupos gays em afirmar que as pessoas nascem assim?[9]
Simon LeVay
Não há nenhum estudo genético que tenha achado algum gene gay, alguns estudiosos chegam a falar de diferenças físicas entre homossexuais e heterossexuais[10], o Dr. John Frame[11] comentando sobre a pesquisa de LeVay diz:
Eu não sou competente para avaliar a pesquisa de LeVay. Eu penso que nós somos sábios em suspender o juízo até que o trabalho de LeVay seja corroborado por outros que são mais objetivos na questão[12]. No entanto, nós devemos notar, como outros tem, que há um problema não respondido do tipo “ovo e galinha” aqui: Como nós sabemos que estas condições (ou talvez a largamente não explorada base física para isso) é a causa, e não o efeito, de um pensamento e comportamento homossexual?[13]
Em todo caso, mesmo que se achasse um “Gene-H” isso não significa que seria algo bom ou natural. Os cientistas já identificaram uma série de doenças[14] que são determinadas geneticamente, no entanto, ninguém diria que isso seria bom ou normal. Logo, vemos um problema lógico nos que argumentam que se algo é inato é bom. Mas, e quanto ao comportamento ser determinado, ou o poder de escolha e mudança ser tolhido por uma determinação genética? Estariam os gays desculpados do seu comportamento, e a Deus, portanto, não poderia lhes impor culpa? Esse é outro passo da discussão e acredito que seja o mais importante.
Alguns cientistas encontram certa relação genética para o alcoolismo[15], será que devemos concluir que os alcoólatras estão desculpados, ou que não se deva mais estimular o abandono desse comportamento? É claro que devemos responder com um grande NÃO. O que as descobertas fazem é dar mais armas para que possamos de modo mais eficiente e rápido solucionar diversos problemas. Não devemos acreditar que as pessoas, por terem genética que os deixem mais propensos a determinados comportamentos, não têm poder para escolher terem ou não esse comportamento. Primeiro, porque mesmo com essa construção genética as evidências não atestam 100% de pessoas alcoólatras, mas uma maior porcentagem do que seria normal. E segundo, porque mesmo essas pessoas, conseguem decidir beber ou não mediante suas próprias consciências. Não existe um fator que as obrigue a beber, apesar de tornar mais difícil abandonar o vício. De modo que fatores genéticos de forma alguma anulam as escolhas feitas. São apenas mais fatores que acrescentam influência em nossas ações. 
A necessidade de que o comportamento homossexual seja uma escolha livre é exclusiva de uma doutrina arminiana. Para um reformado[16], existe uma série de fatores que determinam e influenciam as nossas escolhas, desde a construção social, educação, ambiente, pecado, e até mesmo influência genética. Isso sem contarmos com a maior das influências, e essa sim exclusivamente determinante, que é o governo soberano de Deus sobre todas as coisas, portanto, para nós não há dificuldade em dizer que os homossexuais não tiveram escolha[17], mas são totalmente responsabilizados pelos seus atos[18].
Numa debate sincero sobre a temática, esses pontos devem ser levados em consideração. Não adianta falar sobre o tema sem antes uma devida reflexão e aprofundamento, isso só gera mais confusão e desentendimento entre as partes. Os grupos gays deveriam ser mais honestos nas suas declarações sobre seus comportamentos, e entender que há diferenças cruciais entre um comportamento, mesmo que haja influência genética, e uma raça, cor ou idade. Mas aqueles cristãos que se levantam para falar sobre o assunto devem instruir-se mais sobre isso, pois o seu dever é agir com lealdade e justiça, no amor de Deus, a fim de encontrar redenção nos corações eleitos, e culpa nos não eleitos. Não adianta tratar o assunto com superficialidade, e desonestidade, em discursos que só convencem quem já está convencido, e que não santificam a Cristo, como Senhor, em preparar-se para responder àqueles que perguntam a razão da esperança:

Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. I Pedro 3.15-17.[19]  




[1] Por Grupos Homossexuais, ou gays, quero dizer os diversos grupos criados para defender os direitos civis gays, e promover o homossexualismo.
[7] Faço uso dos termos do Filósofo Cristão Herman Dooyeweerd, uma boa introdução ao seu pensamento antropológico pode ser encontrada no artigo do Rev. Fabiano de Almeida, talvez o maior estudioso desse filósofo no Brasil: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XIII__2008__1/Reflexoes_Criticas_sobre_Weltanschauung_-_Fabiano_de_Almeida_Oliveira.pdf
[8] William Lane Craig lista uma série de problemas adicionais num comportamento homossexual. http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=8058
[9] Nem todos os grupos gays ou estudiosos gays defendem isso, o Dr. Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, em entrevista a Jô Soares parece não acreditar nisso: http://www.youtube.com/watch?v=zcNQdvjSv-k&feature=related; O Professor da UFBA sobre homoculturas, Leandro Colling diz: “Assim, em vez de pensarmos que as nossas identidades são naturais, no sentido de que nascemos com elas, iremos verificar que nenhuma identidade é natural, que todos resultamos de construções culturais”. http://www.institutoadediversidade.com.br/cultura/artigo-desnaturalizacao-da-heterossexualidade-leandro-colling/
[10] LEVAY, Simon. A difference in hypothalamic structure between heterosexual and homosexual men. Science 253: 1034–7, 1991. http://www.pchania.eu/LeVay_files/levay.pdf.
[11] John Frame é um filósofo e teólogo cristão autor de vários livros e artigos, também um dos mais conhecidos defensores da apologética pressuposicionalista.
[12] Por LeVay ser um militante gay, Frame acredita que os seus estudos podem não ser tão objetivos cientificamente.
[13] FRAME, John M. But God made me this way!. Tabletalk 21:3 (Mar., 1997), 8-11. http://www.frame-poythress.org/frame_articles/1997But.htm
[14] Com isso não quero dar a entender que o homossexualismo seja uma doença, mas que comparar o fato de se for algo inato, assim mesmo, não segue-se que seja bom ou natural.
[15] DOTTO BAU, Claiton Henrique. Estado atual e perspectivas da genética e epidemiologia do alcoolismo. http://www.scielo.br/pdf/csc/v7n1/a17v07n1.pdf
[16] Refiro-me àqueles que acreditam nas doutrinas da reforma protestante sistematizadas por João Calvino.
[17] A escolha aqui falada é aquela que os arminianos defendem, uma espécie de liberdade e não influência das coisas externas sobre nossas consciências. Obviamente, todos nós temos escolhas, pode ser colocado para um urubu a escolha de comer pizza ou carniça, mas não precisamos pensar muito para saber o que ele escolherá.
[18] Para uma discussão mais detalhada sobre o assunto, indico um outro post meu neste blog: http://palpiteabsoluto.blogspot.com/2010/03/deus-e-autor-do-pecado.html
[19]Sociedade Bíblica do Brasil. (2003; 2005). Almeida Revista e Atualizada, com números de Strong (1Pe 3.15-17). Sociedade Bíblica do Brasil.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Crente e o Sexo

Uma entrevista de Caio Fabio com o pessoal do Genizah sobre uma estatística que eles fizeram sobre o comportamento do crente e o sexo.

O crente e o sexo | Papo de Graça from Caminho da Graça | Oficial on Vimeo.

Algumas considerações sobre o vídeo. A entrevista é bem legal, bem humorada, e sem dúvidas as estatísticas apresentadas são de extrema relevância. Porém, a linguagem de Caio Fabio é por demais ofensiva, às vezes usando um linguajar que nem incrédulos ousariam. A informação dele sobre o termo "umbigo" em Cantares 7.3 está equivocada. A palavra hebráica שֹׁר Shor significa umbigo mesmo, e ela é usada, por exemplo, em Ezequiel 16.4 que diz: Quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste, não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água para te limpar, nem esfregada com sal, nem envolta em faixas. Não tem como pensar em outra tradução no texto de Ezequiel.

A Posição Missionária

Uma boa palestra sobre homossexualidade, ministrada pelo Denis do Ministério Exodus. Traz bons esclarecimentos sobre o tema. Pretendo o quanto antes publicar um texto sobre o assunto e a desonestidade com que é tratado.


Posição Missionaria - algumas opções from sexxxchurch on Vimeo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Como podemos saber se uma guerra é justa?


A pouco tempo estive no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja, que teve como palestrante o Dr. Wayne Grudem. O tema foi Política e Teologia e os vídeos do congresso já estão disponíveis no link: http://www.mackenzie.br/congresso_religiao2011_videos.html

O Dr. Grudem publicou ano passado um livro sobre Política e a Bíblia e usou o livro nas palestras que proferiu, infelizmente ainda não foi traduzido para o português, mas faço aqui uma simples demonstração de uma parte do livro, espero que apreciem:

[1]É claro que há guerras erradas, tais como as guerras motivadas meramente por conquistas e saques. Como podemos dizer se uma guerra é certa ou errada? Durante séculos de discussão ética relativa às questões de guerra, um ponto de vista comum foi desenvolvido com muita influência dos eruditos cristãos, a tradição da “guerra justa”. Este ponto de vista argumenta que uma guerra é moralmente certa (ou “justa) quando ela atende a certos critérios. Ele também argumenta que há certas restrições morais no modo como a guerra pode ser conduzida.
Parece a mim que esta tradição de “guerra justa”, em geral, é consistente com o ensino bíblico sobre a necessidade das nações se auto-defenderem contra suas inimigas. Aqui está um sumário recente e útil dos critérios para uma guerra justa, junto com referências bíblicas que suportam estes critérios. Eu penso que estes critérios, em geral, são consistentes com estes ensinos bíblicos:

Ao longo do tempo, a guerra justa tem desenvolvido um conjunto comum de critérios que podem ser usados para decidir se ir para guerra em uma específica situação é certo. Isto inclui o seguinte: (1) justas causas (é a razão para ir a guerra causa moralmente certa, tal como a defesa de uma nação? cf. Ap 19.11); (2) autoridade competente (a guerra não foi declarada simplesmente por um renegado grupo dentro de uma nação, mas por um reconhecido, autoridade competente dentro da nação? cf. Rm 13. 1); (3) justiça comparativa (deve estar claro que a ação do inimigo é moralmente errado, e os motivos e ações da nação que está indo para guerra, em comparação, é moralmente certa; cf. Rm 13.3); (4) intenção certa (o propósito de ir a guerra para proteger a justiça e retidão é mais do que simplesmente roubar, saquear e destruir outra nação? cf. Pv 21.2); (5) último recurso (todo os outros meios razoáveis de resolver o conflito foram exauridos? cf. Mt 5.9; Rm 12.8); (6) probabilidade de sucesso (há expectativa razoável para que a guerra possa ser vencida? cf. Lc 14.31); (7) proporcionalidade de resultados projetados (os bons resultados que virão de uma vitória são significantemente maiores do que os danos e perdas que inevitavelmente virão com o prosseguimento da guerra? cf. Rm 12.21 com 13.4); e (8) espírito reto (a guerra foi empreendida com grande relutância e pesar nos danos que virão mais do que simplesmente o “prazer na guerra”, no Sl 68.30?).
Em adição a esses critérios para decisão se uma específica guerra é “justa”, defensores da teoria da guerra justa têm também desenvolvido algumas restrições morais em como uma guerra justa deve ser lutada. Essas incluem o que segue: (1) proporcionalidade no uso da força (não podem ser causadas maiores destruições do que a necessária para vencer a guerra; cf. Dt 20.10-12); (2) discriminação entre combatentes e não combatentes (na medida em que é viável a busca de sucesso de uma guerra, o cuidado adequado está sendo tomado para prevenir danos para os não combatentes? cf. Dt 20.13-14,19-20); (3) suspensão dos meios maus (capturado e derrotado inimigos serão tratados com justiça e compaixão, e os próprios soldados sendo tratados justamente no cativeiro? cf. Sl 34.14); e (4) boa fé (há um genuíno desejo para a restauração da paz e eventualmente vida em harmonia com o ataque da nação? cf. Mt 5.43-44; Rm 12.18)[2]


[1] GRUDEM, Wayne. Politics-According to the Bible: a comprehensive resource for understanding modern political issues in light of scripture. Grand Rapids: Zondervan, 2010, p. 389-390.
[2] “War”, in ESV Study Bible, p. 2555.